sexta-feira, 17 de agosto de 2012

As Principais Substâncias Psicoativas

LSD (Ácido Lisérgico)



            É talvez a droga alucinógena mais potente que existe, usado principalmente por via oral. Alguns microgramas já são suficientes para provocar alucinações no ser humano. 
            O LSD é vendido em tabletes, cápsulas e ocasionalmente na forma líquida, entretanto, normalmente é usado oralmente. O LSD muitas vezes é adicionado a papéis absorventes, que são então decorados e recortados em pequenos pedaços, cada qual sendo equivalente a uma dose. As experiências, conhecidas como “viagens” são longas, durando até 12 horas.
            O LSD causa seus efeitos alucinógenos interrompendo a interação das células nervosas com o neurotransmissor serotonina. Esse neurotransmissor está envolvido com os processos de controle comportamental, de percepção e de sistemas reguladores, incluindo humor, fome, temperatura corporal, comportamento sexual, controle muscular e percepção sensorial.
            Os sintomas psicológicos, neste caso, são mais intensos do que os sintomas físicos. O usuário pode sofrer de instabilidade emocional, sentindo diversas emoções simultaneamente. A percepção temporal também é alterada sob o efeito do LSD. Outra experiência muito descrita é a sinestesia, quando o usuário sofre uma alteração em sua percepção de mundo, vendo sons ou ouvindo cores, por exemplo. Entretanto, esses são alguns dos sintomas de uma “boa viagem”. Em uma “má viagem” os usuários sofrem de pânico, sensação de desespero, de perda de controle, medo da insanidade e da morte, pensamentos apavorantes e alucinações assustadoras.
            Usuários de LSD desenvolvem rapidamente tolerância aos efeitos da droga, precisando aumentar a dose ingerida para ter efeitos similares. O uso de LSD também aumenta a tolerância do usuário para outros alucinógenos. Entretanto, a tolerância a droga regride se o individuo parar o uso da droga.
A maioria dos usuários de LSD diminuem o uso ou param de usar a droga com o tempo. Essa droga não leva comumente a dependência física e não há descrição de síndrome de abstinência se um usuário crônico para de usar a droga. Entretanto, o LSD pode provocar dependência psicológica, uma vez que a pessoa que habitualmente usa essa substância acaba por se alienar da realidade, aprisionando-se no “paraíso na Terra”.
            O tratamento para o LSD (mas que pode ser generalizado para a maioria dos alucinógenos) ocorre principalmente nos casos em que o usuário acaba, por exemplo, se ferindo após uma “viagem ruim”. O tratamento é normalmente de apoio, oferecendo uma sala quieta, com um pouco de estimulação sensorial. As vezes, benzodiazepínicos são utilizados para controlar agitações extremas e convulsões.


ECSTASY



            A 3,4-metilenodioximetanfetamina, mais conhecida como Ecstasy, apelidada de “Droga do Amor” e abreviada por “MDMA” é uma droga psicoativa sintetizada. Essa substância neurotóxica é vendida sob a forma de pílulas, podendo ser coloridas, ou sob a forma de cápsulas. Apesar de poder ser injetado via intravenosa, a forma mais comum é a pílula, popular nas festas “rave”.
            O ecstasy foi sintetizado pela empresa farmacêutica Merck em 1912 com o objetivo de suprimir o sono e a fome de soldados em campo de batalha, mas jamais foi utilizado para tais fins. Em 1960 foi empregado na psicoterapia como elevador de ânimo, desejo sexual e como complemento nos tratamentos psicoterápicos. Em 1970 começou a ser utilizada de form a recreativa por jovens, maioria universitários, frequentadores de casas noturnas. Foi nessa época que ganhou o apelido “Droga do Amor” por induzir o aumento do interesse sexual. A partir dos anos 80, a droga se espalhou e se popularizou, forçando a proibição da venda e consumo da droga em vários países, inclusive no Brasil.
            Depois de ingerido, o ecstasy demora entre 30 e 60 minutos para surtir efeito e, logo após proporcionar os primeiros efeitos “leves”, atinge picos de intensidade. Nesses picos, há aumento do desejo sexual, aumento do estado de alerta, sensação de bem-estar, grande capacidade física, grande capacidade mental, euforia, aumento da extroversão, atraso da sensação de sono e fadiga, supressão da fome e alucinação sinestésica, em que os usuários afirmam conseguir ouvir cores ou saborear músicas.
            A duração do efeito é de três a quatro horas, podendo chegar a seis horas, dependendo do organismo do usuário. Existe, porém, um período de tempo acrescido associado ao declínio dos efeitos primários em que o consumidor tem a percepção da persistência dos efeitos, embora não possam ser considerados os efeitos primários. Conforme as enzimas do organismo metabolizam as toxinas, são gerados metabólitos ativos que mantém atividade psicoativa, mas com efeitos desagradáveis. Dentre os efeitos indesejados estão o aumento da tensão muscular e espasmos, coceiras, dor de cabeça, visão turva, aumento da frequência cardíaca, elevação da pressão arterial, ressecamento da boca, dilatação das pupilas e hipertermia. Podem ocorrer efeitos mais graves como depressão, paranoia, hiponatremia, náusea, desidratação, e convulsões.  Associado ao uso de álcool, o uso de ecstasy pode ocasionar choque cardiorrespiratório, levando a óbito. O uso de ecstasy ligado à intensa atividade física (dançar por várias horas) pode causar aumento da temperatura corporal e consequente hemorragia interna, o que pode levar à morte. O aumento da temperatura corporal tem alguns sintomas como desorientação, parar de transpirar, vertigens, dores de cabeça, fadiga, câimbras e desmaio.
            Há quatro tipos básicos de toxicidade física causada pelo ecstasy. A hipertermia, neurotoxicidade, cardiotoxicidade e hepatotoxicidade.
            A hepatotoxicidade é a lesão hepática provocada pelo ecstasy, que se manifesta clinicamente como uma leve hepatite viral na qual o paciente fica ictérico com o fígado aumentado e amolecido com uma tendência a sangramentos. A toxicidade, no entanto, pode ser bem mais grave evoluindo para uma hepatite fulminante que resulta em fatalidade caso não se possa fazer um transplante.
            A cardiotoxicidade é caracterizada por aumento da pressão arterial e aceleração do ritmo cardíaco. Esses efeitos podem levar a sangramentos por ruptura dos vasos sanguíneos.
            A hipertermia é provavelmente o pior efeito indesejável do ecstasy, apesar de ser parte da toxicidade cerebral, é relatada à parte para maior destaque de sua importância. O aquecimento do corpo pode levar a lesões dos tecidos musculares que quando acontece de forma simultânea leva a um "entupimento" dos rins o que pode danificá-los permanentemente. A exagerada elevação da temperatura corporal pode provocar diversas lesões pelo corpo de acordo com a sensibilidade de cada tecido. O próprio tecido cerebral é dos mais sensíveis podendo sofrer lesões desse superaquecimento. Convulsões também já foram relatadas pelo uso do ecstasy.
            Coagulação intravascular disseminada: é um efeito extremamente grave que geralmente leva a morte, mesmo quando o paciente já se encontra internado.
            O tratamento é feito com resfriamento rápido através de imersão em água gelada, infusão de solução salina resfriada e lavagem gástrica com líquidos frios.
            Nos dias seguintes ao uso podem ocorrer casos de depressão, dificuldade de concentração, ansiedade, fadiga, erupções cutâneas, perda de memória, fuga de ideias, dificuldade de tomar decisões, impulsividade, perda de controle, despersonalização e ataques de pânico. O uso prolongado de ecstasy pode causar lesão no fígado, que fica amolecido, além de aumentar de tamanho, com tendência a sangramentos. Dependendo do grau de toxicidade, o quadro evolui para hepatite fulminante, podendo causar a morte caso não haja um transplante de fígado. No coração, a aceleração dos ritmos cardíacos e o aumento da pressão arterial podem levar à ruptura de alguns vasos sanguíneos, causando sangramentos.
            O ecstasy age aumentando a concentração de serotonina na fenda sináptica. O excesso de serotonina na fenda sináptica causa lesões nas células nervosas irreversíveis. Essas células, quando lesionadas, têm seu funcionamento comprometido, e só se recuperam quando outros neurônios compensam a função perdida. Estudos realizados em humanos consumidores dessa droga comprovam a perda da atividade serotoninérgica, perda do autocontrole e morte súbita por colapso cardiovascular. Recomenda-se, nos dias posteriores ao consumo da droga, o consumo de alimentos que induzam a liberação de serotonina, como o chocolate e também alimentos ricos em triptofano, precursor da serotonina.
            De acordo com uma pesquisa de 2003 feita pela National Survey on Drug Use and Health (NSDUH), aproximadamente 2,1 milhões de pessoas com 12 anos de idade ou mais usaram ecstasy durante os últimos 12 meses. A taxa de uso da droga foi significativamente maior entre pessoas com idade entre 18 e 25 anos do que entre as faixas de 12 a 17 anos e de 26 anos ou mais, o que indica que o uso do ecstasy continua sendo popular entre jovens universitários. Mais de noventa por cento dos entrevistado haviam usado outras drogas no mesmo período. Apesar dos números ainda altos, houve diminuição no percentual de uso da droga e na credibilidade do uso saudável da substância: houve queda do número de usuários de 3,2 milhões de usuários, em 2002, para 2,1 milhões de usuários, em 2003. Em 2001, 35,8% dos entrevistados que cursavam a oitava série e 45,7% dos que cursavam o terceiro ano do colegial criam que o uso da droga poria suas vidas em risco. Em 2004 esses números subiram para 42,5% dentre os entrevistados da oitava série e 57,7% dentre os entrevistados do terceiro colegial.
            Não há estudos que comprovem que o ecstasy causa dependência física, mas o contrário também não pode ser afirmado.


COGUMELOS ALUCINÓGENOS



            As drogas alucinógenas são aquelas que afetam diretamente no cérebro e os sentidos, o que causa alucinações e delírios, fazendo com que a pessoa veja, escute, cheire ou até mesmo tente tocar coisas que não existem. Grande parte das drogas alucinógenas vem da natureza, principalmente das plantas e cogumelos. Essas plantas já foram descobertas há muito tempo, na antiguidade e os usuários as consideravam plantas divinas devido aos efeitos causados. Tais efeitos são causados pela psilocibina (4-phosphoryloxy-N,N-dimethyltryptamine), composto psicodélico presente nos cogumelos. E até hoje algumas culturas indígenas de vários países usam essas plantas de modo religioso, ainda levando em consideração seus efeitos.
            Existem quatro gêneros de cogumelos alucinógenos: Psilocibe, Panaeolus, Capelandia e Amanita. No Brasil são encontrados dois gêneros que são o Psilocibe e também o Panaeolus, porém o tipo mais conhecido é o do gênero da Amanita e em especial a Amanita muscaria. Eles são coloridos e têm efeito semelhante a droga LSD, porém mais brando e de duração mais curta.
            As drogas alucinógenas causam muitos efeitos, no entanto não são fáceis de prever, pois os efeitos diferem de pessoa para pessoa. Os efeitos começam em cerca de uma hora após o uso da droga e acabam ficando mais fortes após três ou quatro horas, e podem durar até 12 horas após o uso. Entre os efeitos estão alterações no som e na visão, como ver cores muito brilhantes e também ouvir sons bastante agudos, algumas pessoas até se confundem vendo sons e ouvindo cores, pois os sentidos se atrapalham, o tempo também passa bem devagar, mudanças emocionais, cansaço, náuseas ou vômitos, problemas de coordenação, o humor também varia com altos e baixos.
            Existem também as viagens más, mais conhecidas como “bad trips”. Algumas vezes os efeitos dos alucinógenos são negativos como: medo, angústia, pânico, alucinações que causam desespero na pessoa e também o medo de perder o controle e ficar louco.
            Não existe ainda nenhuma evidência de que alucinógenos causam dependência. Isso talvez se deve ao fato de que se uma pessoa vier a usar todo dia um alucinógeno não se terá mais o mesmo efeito, mas sim depois de no mínimo uma semana de intervalo. Existe grande risco de acidentes com pessoas que usam alucinógenos pelo fato dos sentidos se atrapalharem. Há também um grande risco com quem mistura alucinógenos com álcool ou anfetaminas, pois o efeito pode aumentar muito.
            A ingestão de cogumelos errados pode causar intoxicações e até serem fatais.

JUREMA


            O vinho de jurema é preparado com base em uma planta brasileira e é usado por alguns remanescentes índios e caboclos no Brasil. Além de conhecido pelo interior do Brasil, só é utilizado nas cidades em rituais de candomblé, por ocasião da passagem de ano, por exemplo. A principal substância alucinógena da planta é a dimetiltriptamina (DMT), e os principais sintomas são semelhantes aos apresentados pelos alucinógenos sintéticos.

MESCAL ou PEYOT


            É um cacto utilizado há muito tempo na América central. Seu principal composto alucinógeno é a mescalina. Ele não existe no Brasil.

BENFLOGIN (Benflogin®, Flogoral® e Tantum Verde®)



            Benflogin (cloridrato de benzidamina) é indicado nos processos inflamatórios tumefativos e dolorosos em: Otorrinolaringologia e pneumologia: faringites, laringites, traqueítes e bronquites inespecíficas; Odontologia; gengivites, estomatites e alveolites; Ginecologia: anexites, parametrites; Traumatologia e ortopedia: luxações, fraturas, contusões, distensões, hematomas, periartrites, tenossinovites e bursites; Urologia: cistites, prostatites; Angiologia: flebites, tromboflebites e pós-operatório de safenectomias; Neurologia: neurites, neuralgias. Cirurgia geral: no pós-operatório de ginecologia, ortopedia, otorrinolaringologia, urologia e odontologia. http://www.medicinanet.com.br/bula/875/benflogin.htm
            A dose máxima diária indicada é de 200 mg, maas a ingestão acima deste valor (500 mg) ministrada com bebidas alcoólicas pode causar alucinações. Esses efeitos chamaram a atenção de jovens que desejam se divertir sem nenhuma responsabilidade.
            O cloridrato de benzidamina, quando ingerido em excesso, proporciona efeitos psicoativos em razão da produção e liberação de dopamina no cérebro. Neste instante a atividade no sistema límbico (responsável pela memória e emoções) é acelerada, e o usuário experimenta alterações da percepção da realidade e alucinações visuais.
            Mas o pior vem depois, quando acaba o estoque de dopamina. Instantes após o uso da droga, a pessoa sente cansaço, sonolência, irritação, tonturas, dores de estômago e falta de apetite. Gastrite, úlcera, sangramento intestinal, convulsões e falência dos rins são sintomas provenientes do uso prolongado desse medicamento.
            O uso de Benflogin nas doses prescritas pelos médicos (200 mg/dia) é considerado seguro, e a própria bula traz as advertências e efeitos adversos: o medicamento não deve ser associado a bebidas alcoólicas e a superdosagem causa alucinação.  A galera toma de 5 a 10 drágeas de uma vez para ter os efeitos alucinógenos da Cloridrato de Benzidamina, que em excesso e associado à bebida alcoólica.
            Normalmente demora um pouco mais de 1 hora para começar a sentir os efeitos que podem durar mais de 10 horas. Depois desse período, apesar do cansaço físico e mental você ficará agitado durante um tempo até conseguir dormir.
            O que poderia evitar a má administração do remédio seria um controle sobre a produção e distribuição. A venda de medicamentos de tarja vermelha só pode ser feita com receita médica. Dessa forma, o comércio e o uso, sem a prescrição médica, deveriam ser proibidos. (Por Líria Alves De Souza)
Na superdosagem, há o aumento da produção e da liberação de dopamina no cérebro, acelerando a atividade no sistema límbico que controla as funções, como memória e emoções. As experiências armazenadas sofrem deformações, causando alteração da percepção da realidade e conseqüentemente alucinações visuais. Entre os efeitos alucinógenos descritos, os principais são raios e luzes coloridas, após a movimentação do globo ocular e o chamado pelos usuários de “Efeito Bruce Lee”, no qual são visualizadas cenas em câmera lenta.
            Quando acaba o estoque de dopamina, a pessoa sente cansaço, sonolência, irritação, tonturas, dores de estômago e falta de apetite. Gastrite, úlcera, sangramento intestinal, convulsões e falência dos rins são sintomas provenientes do abuso prolongado desse medicamento.
            Alguns médicos questionam a venda do remédio. Ele foi desenvolvido há 40 anos e, de lá para cá, foram descobertos novos antiinflamatórios menos perigosos. Mas o uso de Benflogin nas doses prescritas pelos médicos é considerado seguro. Consta na bula, de forma bem clara e objetiva, que o medicamento não deve ser associado a bebidas alcoólicas, e afirma também que a superdosagem causa alucinação. O que deveria haver é um maior controle sobre a produção e distribuição. A receita médica deveria ser obrigatória para a aquisição desse produto. Segundo ANVISA, o Benflogin não é substância psicotrópica ou entorpecente, por isso a receita do medicamento não é retida pela farmácia. A ANVISA também alega que há fiscalização da venda do produto.
            Pesquisas realizadas pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Universidade Federal de São Paulo, revelam que os meninos de rua descobriram o remédio em 1993. Os estudantes de classe média começaram a usá-lo quatro anos depois, e agora o uso virou uma febre.
Benflogin é um medicamento barato, motivo pelo qual seja bastante utilizado por jovens.

CHÁ DO SANTO DAIME OU AYAHUASCA


            Caapi e Chacrona são duas plantas alucinógenas utilizadas conjuntamente sob a forma de bebida, ingerida no ritual do Santo Daime, Culto da União Vegetal, entre outros. Esse ritual está bastante difundido no Brasil, principalmente nos estados do norte e alguns estados do centro-sul.
            A Ayahuasca ou chá do Santo Daime é uma substância capaz de induzir estados de consciência alterados - aumento da sensibilidade auditiva, visões coloridas e prazerosas, alucinações e até regressões a momentos passados - sendo utilizado principalmente em rituais religiosos.
            O chá é produzido basicamente com três plantas encontradas na Amazônia, a Ayahuasca (Banisteropsis caapi), Chacrona (Psychotria viridis) e Chaliponga (Diplopterys cabrerana).
Ayahuasca (Banisteropsis caapi)
            O nome da planta é de origem inca e significa “planta da alma” ou “planta com alma”. Os compostos ativos primários são alcaloides do grupo b-carbolinas, inibidores de enzima MAO. Estes inibidores evitam a destruição de neurotransmissores noradrenalina, adrenalina, serotonina e dopamina, que atuam no comportamento e percepção.
Chacrona (Psychotria viridis)
            É um arbusto tropical que cresce nas baixadas da Amazônia e é cultivado na Colômbia, na Bolívia e no Brasil. Os compostos ativos desta planta são o N-etilamina e N-dimetil-triptamina (DMT). Possui uma estrutura que se assemelha à serotonina e por isso tem afinidade com vários receptores serotonérgicos. Os alcaloides b-carbolinas da planta inibem a enzima monoamina oxidase (MAO) permitindo ao DMT alcançar as partes sensíveis enquanto ainda ativo.
Chaliponga (Diplopterys cabrerana)
            Já recebeu diferentes nomeações desde que foi descoberta. É uma trepadeira tropical e é encontrada apenas na bacia amazônica ao longo do Equador, Peru, Brasil e Colômbia. Possui compostos ativos em comum com a Psychotria viridis, porém não contém apenas DMT. Em sua composição também se encontra a N-metiltriptamina, bufotenina, N-metiltetrahidro-b-carbolina e 5-MeO-DMT, sendo a última um agente psicodélico.
            Conhecidos efeitos da Ayahuasca são provocar vômitos e diarreias. Em algumas tribos que utilizam do chá isso representa a purificação do corpo enquanto que as visões caracterizam a purificação da mente.
Atualmente esta mistura - juntamente com outras substâncias alucinógenas - tem captado grande interesse de psiquiatras e neurologistas devido seus efeitos sobre pacientes com doenças mentais e sobre dependentes químicos.
            USP de Ribeirão Preto utilizou o chá em uma pesquisa inédita com duas pacientes que sofriam de depressão.
            O projeto-piloto foi feito com duas mulheres com problemas crônicos de depressão, que tomaram uma dose do chá e relataram melhora imediata. Os pesquisadores pretendem estender o teste, observando os efeitos em mais 60 pacientes, e avaliar a possibilidade da ayahuasca substituir remédios antidepressivos.
            Depois de a Universidade Federal de Santa Catarina fazer pesquisas com camundongos, a USP testou o chá nas duas mulheres na faixa dos 50 anos que têm sintomas como perda de apetite, desânimo e choro.
            Elas tomaram 200 ml (um copo) da bebida e ficaram em observação por três dias. "No mesmo dia as pacientes já estavam melhores, e no segundo dia diziam que não estavam mais depressivas, que as cores da vida tinham voltado", disse Jaime Eduardo Hallak, professor do Departamento de Neurociência e Ciências do Comportamento da Faculdade de Medicina da USP.
            Após três dias, foi ministrado às pacientes antidepressivo comum, "porque ainda não há evidências do efeito permanente da ayahuasca". "Mas elas acharam a experiência positiva e disseram que gostariam de tomar mais." O médico agora aguarda nova autorização do Comitê de Ética do HC de Ribeirão para ministrar o chá a 60 pacientes em doses repetidas e em intervalos pequenos.
Na opinião de Hallak, é possível que o chá amazônico venha a se tornar uma arma contra a depressão. "Eu acredito que é possível formular um medicamento com o chá. Se não diretamente com a estrutura da molécula presente no Santo Daime, algo muito próximo."
            O segredo do Santo Daime, diz Hallak, está na rapidez: o efeito é mais imediato, por exemplo, do que tomar um comprimido de antidepressivo.
            Alcoólatras crônicos e usuários de drogas ilícitas, que se identificavam como "sem solução", afirmam terem abandonado décadas de vício com o chá ayahuasca, conhecido como Daime.
            O tratamento com o chá não é divulgado publicamente. As recomendações correm de boca em boca só entre os membros de grupos religiosos que usam a bebida, como o Santo Daime e a União do Vegetal, além de dissidentes. Médicos e cientistas ainda estudam os efeitos da bebida para saber a causa da suposta eficácia contra o vício.
            "Pessoas que ingressaram nos grupos do 'vegetal' milagrosamente largaram a bebida depois de 30 a 40 anos de alcoolismo", diz o psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, do Proad (Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes), da Unifesp.
            O médico, que não indica o chá como tratamento, afirma que o próprio ritual pode ter algo a ver com a recuperação dos dependentes. "Sabemos que o contexto religioso protege as pessoas das drogas, mas suspeito que não seja somente isso. Há um efeito químico nisso tudo, que ainda não foi pesquisado", diz.
            O doutor em farmacologia João Ernesto de Carvalho, coordenador da Divisão de Farmacologia e Toxicologia do CPQBA (Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas), da Unicamp, também não tem explicações para justificar o fim da dependência.
            "Sob o ponto de vista farmacológico, a pessoa teria de tomar doses diárias do chá, como se ele fosse um antidepressivo, o que não ocorre", diz. Os rituais são realizados, em média, duas vezes ao mês.
"Não sei explicar como parei", diz o publicitário Benito Alvarez Rizi, 55, que começou a tomar o chá há cinco anos.
Antes do processo de limpeza, Rizi cheirava cocaína e entornava bebida alcoólica a ponto de ficar cinco dias seguidos acordado. "Desde que comecei a tomar o 'vegetal', a vontade de me drogar sumiu da minha cabeça."
            A dúvida é se a ayahuasca pode ter um efeito adverso e criar, por sua vez, uma nova dependência.
            "O que pode existir é a dependência psicológica", diz Xavier. "Não é uma droga do prazer ou que dê 'barato' como a cocaína, o álcool ou outra substância. Não é uma experiência agradável que as pessoas queiram repetir." Diarreia, vômito, náusea e formigamento estão entre alguns dos efeitos colaterais.
            O psiquiatra Arthur Guerra, coordenador do grupo de estudos de álcool e drogas da Faculdade de Medicina da USP, o uso do chá como tratamento para dependência não é apropriado.
            "Como uma substância alucinógena vai tratar dependentes? Pode ocorrer um erro médico e, em vez de você ajudar a pessoa, você pode matá-la."
            Pesquisadores americanos são mais otimistas quanto à utilidade desde tipo de substância na medicina. De acordo com George Greer, diretor médico do Instituto Heffer "Se os alucinógenos um dia virarem "mainstream" na medicina, e eu tenho certeza de que virarão, eles nunca serão receitados como é o Prozac. As pessoas precisarão de orientação. Essas não são drogas que você prescreve todo dia".


CHÁ DE LÍRIO




      O lírio, conhecido popularmente como trombeteira ou saia-branca, é uma planta do gênero Datura, encontrada em todo o mundo. Plantas deste gênero são ricas em duas substâncias, a atropina e a escopolamina, que produzem um efeito no organismo que a medicina chama de efeito anticolinérgico. Todas as drogas anticolinérgicas são capazes de, em doses elevadas, alterar as funções psíquicas, causando perturbações intensas, principalmente alucinações e delírios.

           As plantas que dão origem a droga são muitas, e muito disponíveis, o que torna o uso generalizado, e extremamente perigoso. Porém, não são somente plantas que possuem efeitos anticolinérgicos, existem medicamentos, como o Artane ®, sintetizado a partir da triexafenidila e usado no tratamento do mal de Parkinson e como antipasmático, produzem os mesmos efeitos do chá de lírio, quando ministrados em doses altas.

           Os anticolinérgicos, tanto de origem vegetal como os sintetizados em laboratório, atuam principalmente produzindo delírios e alucinações, sendo comuns as descrições pelas pessoas intoxicadas de se sentirem perseguidas, de verem pessoas, bichos, etc. Esses delírios e alucinações dependem bastante da personalidade do indivíduo e de sua condição; assim, nas descrições de usuários dessas drogas, encontram-se relatos de visões de santos, animais, estrelas, fantasmas, entre outras imagens.Os efeitos são bastante intensos, podendo demorar de 2 a 3 dias. Quando usados continuamente, deixam a pessoa num estado permanente de desinteresse e desorientação, com aspecto de ‘’zumbi’’, além de causarem amnésias durante o período de uso.

           Além dos efeitos provocados no sistema nervoso central, as drogas anticolinérgicas são capazes de produzir muitos efeitos periféricos. As pupilas ficam muito dilatadas, a boca seca e o coração pode disparar. Os intestinos ficam paralisados – tanto que elas são usadas medicamente como antidiarréicos – e há dificuldade ao urinar.

           Como efeito tóxico, o uso da droga em doses elevadas, pode produzir a grande elevação da temperatura, que chega até 40 ou 41 ºC. Nesses casos, felizmente não muito comuns, a pessoa apresenta-se com a pele muito seca e quente, com vermelhidão principalmente no rosto e no pescoço. Essa temperatura elevada pode provocar convulsões, podendo até levar a morte em casos extremos, devido a falência de diversos órgãos, e por isso a droga é tão perigosa.

           O abuso destas substâncias é relativamente comum no Brasil.  Em São Paulo, Paraná e outros estados do Sul, o uso ocorre principalmente com crianças de rua. Em alguns estados do Nordeste são principalmente adultos jovens, de nível sócio-econômico mais baixo.
          No “I Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil”, realizado no ano de 2001, cerca de 1% da população em 107 cidades brasileiras com mais de 200 mil habitantes, já fez uso experimental das drogas anticolinérgicas, como o chá de lírio e o medicamento Artane®.

          Essas drogas não desenvolvem tolerância (necessidade de aumento de dose para sentir os mesmos sintomas prazerosos iniciais) no organismo e não há descrição de síndrome de abstinência, ou seja, quando a pessoa para de usar abruptamente essas substâncias, não apresenta reações desagradáveis. No entanto, os anticolinérgicos são bem absorvidos por qualquer via de administração e podem desencadear quadros psicóticos permanentes em pessoas predispostas a doenças psiquiátricas, como o transtorno bipolar e a esquizofrenia.

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